Agronegocio BRPIB do agronegócio deve crescer 3% em 2021 após disparada de 9% em 2020, diz CNA

Desaceleração deve ocorrer por conta de uma alta menor dos preços dos principais produtos do agro, depois de cotações recordes em meio à pandemia e dólar alto.


Por O Globo

02/12/2020


O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro crescerá 3% em 2021, enquanto o Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) aumentará 4,2% no ano que vem, estimou nesta terça-feira (01) a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

A entidade ponderou que há preocupações climáticas para as principais safras que podem ajustar a oferta de grãos. O setor deve perder ritmo no próximo ano em relação a 2020, com crescimento do PIB estimado em 9% e uma expansão de 17,4% no VBP.

Mas, além da forte base do PIB deste ano, a expansão será mais moderada em 2021 por conta de uma menor alta de preços, visto que os valores dos principais produtos atingiram recordes em 2020 em meio à pandemia e à disparada do dólar, disse o superintendente técnico da CNA, Bruno Lucchi, a jornalistas.

Em nota sobre perspectivas para 2021, a CNA disse também prever um equilíbrio da oferta e da demanda mesmo com a expectativa de produção maior para a maioria dos alimentos.

Os técnicos destacaram também que, na questão dos preços, a pandemia desregulou os mercados, proporcionando fortes altas, que inclusive no país estiveram ligadas ao pagamento dos auxílios emergenciais, que aumentaram a demanda por alimentos básicos.

Contudo, a CNA acredita que um dos fatores que pode ditar o cenário para 2021 será a intensidade do La Niña, com potencial de afetar especialmente a colheita da região Sul do Brasil, com eventuais impactos nos preços.

"Tem a questão climática que vai afetar seriamente a oferta...", disse o especialista, lembrando que o plantio da soja foi atrasado e impactará a segunda safra. "Certamente vai comprometer a safra de milho do ano que vem (plantada após a soja), a safra de milho verão do Rio Grande do Sul também foi afetada", disse Lucchi. "Não vamos deixar de ter uma safra recorde, mas poderíamos ter uma safra muito maior, não fosse a questão climática... Em milho, temos preocupação, a produção vai estar muito ajustada com o consumo", completou.

Segundo a CNA, produtores de soja, milho e algodão, que têm mais mecanismos para travar os custos com vendas antecipadas, deverão sofrer menos com questões relacionadas aos preços dos insumos, que tendem a ser impactados ainda pelo câmbio.

Além disso, o preço do milho, um dos principais componentes das rações para animais, está em patamares recordes, e as indicações de especialistas são de que as cotações seguirão firmes até pelo menos a entrada da segunda safra brasileira, a maior do cereal do país, apenas em meados de 2021.

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