Brasil deve ter crescimento recorde no 3º trimestre, mas ainda não volta ao nível pré-crise
Estimativas de crescimento de 30 instituições consultadas variam de 7,4% a 11,2%
Por Folha de S.Paulo
01/12/2020
A economia brasileira deve crescer cerca de 9% no terceiro trimestre deste ano, uma variação recorde, mas insuficiente para recuperar todas as perdas verificadas na crise provocada pela pandemia do novo coronavírus.
Os dados do PIB (Produto Interno Bruto) serão divulgados na próxima quinta-feira (3) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). De acordo com a agência Bloomberg, as estimativas de crescimento de 30 instituições consultadas variam de 7,4% a 11,2%, com mediana de 8,7%.
A taxa trimestral de crescimento é a maior registrada na série histórica do IBGE, que começa em 1996, mas o dado está influenciado pela base de comparação, devido à queda recorde verificada entre abril e junho deste ano, de 9,7%.
Reflete ainda um pacote de estímulos fiscais para enfrentar a pandemia que está entre os maiores do mundo, cerca de R$ 400 bilhões naqueles três meses (25% do PIB do trimestre), juros baixos e um cenário externo favorável para as exportações brasileiras, segundo economistas ouvidos pela Folha.
O resultado também está em linha com o verificado na maioria dos países. Segundo dados compilados pela OCDE, entre cerca de 30 economias que já divulgaram o resultado do segundo trimestre, o crescimento do PIB ficou em 8,5% na média. A expectativa agora é de um crescimento mais lento nos últimos três meses deste ano e de retorno ao patamar de 2019 em algum momento de 2021 ou 2022.
Tatiana Pinheiro, economista-chefe da BNP Paribas Asset Management, projeta crescimento de 9% para o terceiro trimestre, ritmo que deve desacelerar para cerca de 1% nos três últimos meses do ano. Para 2021, a expectativa é um ritmo de crescimento trimestral médio de 0,4%, o mesmo visto no período 2017-2019. Somado ao efeito estatístico da base de comparação baixa em 2020, seria um crescimento de 3,2%, após uma contração prevista de 5,6% neste ano.
As projeções, segundo a economista, estão em linha com os dados do próprio IBGE que mostraram crescimento entre 20% e 30% para setores com indústria, comércio varejista e construção civil. O ritmo de crescimento também reflete a diferença entre uma economia com as atividades em grande parte limitadas ou fechadas e uma economia que está com as atividades abertas, em um ambiente de aumento de estímulos fiscais e monetários.
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