BR do MAR

Câmara aprova texto-base do projeto que cria BR do Mar

Ideia é reduzir a dependência do transporte rodoviário e ampliar navegação entre portos nacionais


Por Folha de S.Paulo

07/12/2020

A Câmara aprovou nesta segunda-feira (7) o texto-base do projeto que cria a BR do Mar, iniciativa que busca reduzir a dependência do transporte rodoviário no país e ampliar navegação entre portos nacionais (cabotagem).

A proposta foi aprovada por 324 votos a favor e 114 contra. O plenário da Casa ainda vai analisar os destaques, sugestões de alterações em pontos específicos do projeto. Somente após essa etapa, seguirá para o Senado.

Após cerca de 10 horas de debate, os deputados não concluíram a votação dos destaques. Por isso, o texto ainda precisa voltar a ser analisado na sessão prevista para a tarde desta terça (8).

O plano de criar a BR do Mar foi enviado pelo governo e procura flexibilizar as regras para a navegação entre portos nacionais e aumentar a frota de embarcações no país. Com as medidas, o Executivo espera estimular a concorrência no setor com as mudanças nas regras de afretamentos (aluguel) de embarcações estrangeiras.

Hoje, a cabotagem é feita apenas pelas EBNs, as empresas brasileiras de navegação, que precisam de autorização da Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários) e podem ter capital 100% estrangeiro.

Essas empresas podem ter frota própria ou podem afretar navios. Segundo dados do Ministério da Infraestrutura, uma operação de navio com bandeira brasileira pode custar até 70% mais caro do que a realizada por uma embarcação estrangeira na modalidade de afretamento a tempo --ou seja, quando a empresa brasileira contrata uma terceira.

O projeto da BR do Mar amplia o leque de possibilidades em que as EBNs poderiam afretar navios e também retira a obrigatoriedade de que tenham embarcações próprias.

Ao retirar a obrigatoriedade de que a empresa possua frota própria, a intenção é reduzir custos e dar agilidade ao mercado. Seria possível a uma companhia autorizada operar no transporte de cabotagem sem precisar investir pesado na construção de um navio, por exemplo.

O objetivo do governo é ampliar em 40% a capacidade da frota marítima dedicada à cabotagem nos próximos três anos, além de elevar a marca de 1,2 milhão de contêineres transportados anualmente para 2 milhões.

O projeto foi apresentado pelo governo em agosto. Após as eleições municipais, o presidente Jair Bolsonaro pediu apoio de governistas para aprovarem a proposta, cuja priorização chegou a ser criticada pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que defendia preferência para outros projetos, como a reforma tributária.

​A maioria dos destaques foi rejeitada. No entanto, com apoio do governo, o plenário da Câmara aprovou uma emenda para que parte do adicional de frente para a renovação da marinha mercante (AFRMM), taxa cobrada do transporte hidroviária, seja destinada ao financiamento e contratação de obras nas áreas portuárias e de hidrovias do país.

O texto aprovado pela Câmara prevê também a prorrogação por mais um ano do Reporto (regime especial que corta impostos para a importação de equipamentos logísticos, embarcações e outros bens). Atualmente, o Reporto está previsto para acabar no fim de dezembro.