Retrospectiva 2020 do setor de transporte de cargas no Brasil
O transporte de cargas passou por altos e baixos em 2020. Com a pandemia, houve queda na demanda e paralisação das linhas de produção. Contudo, uma recuperação rápida surpreendeu o setor
Por Estradão04/01/2020
O transporte de cargas enfrentou altos e baixos no Brasil em 2020. Com a pandemia do novo coronavírus, o País praticamente parou. E o faturamento de transportadoras e frotistas despencou no primeiro trimestre. Ao mesmo tempo, as fábricas paralisaram a produção de caminhões.
No entanto, setores como agronegócio, comércio eletrônico e construção civil voltaram a se aquecer. Consequentemente, a demanda por frete cresceu a partir do terceiro trimestre.
Mas a economia voltou a recuperar. Com isso, a venda de caminhões novos aumentou de forma repentina. E o setor de transporte de cargas voltou a respirar.
Contudo, a produção não acompanhou a demanda. Com isso, a fila de espera por caminhões zero-km cresceu. E empresas que precisavam de veículos novos tiveram de recorrer ao usado.
Ao mesmo tempo, o roubo de carga recuou. Isso foi resultado da redução do movimento de veículos nas estradas. Inclusive o de caminhões e ônibus.
Enquanto isso, serviços com a locação de caminhões ganharam força. Assim como a oferta de opções aos motores a diesel. Neste meio tempo, a Scania chegou à marca de 50 caminhões a gás vendidos no Brasil.
O Estradão listou alguns dos fatos que mais marcaram o setor em 2020. Confira abaixo.
Transporte de carga ganhou novo cálculo para o frete
No início do ano o governo aprovou uma resolução com novos parâmetros para o cálculo do frete Em suma, o piso mínimo passou a incluir o valor das diárias do caminhoneiro. Além disso, a carga do tipo pressurizada, comum no transporte de produtos químicos, foi incluída na tabela.
Depois disso, as tabelas de pisos mínimos foram elaboradas conforme as especificidades da carga. E divididas em categorias. Por exemplo: carga geral, a granel, frigorificada, perigosa, neogranel e pressurizada.
Por fim, quem contratar serviço de transporte rodoviário de cargas e pagar abaixo do piso mínimo estabelecido pela Agência Nacional de Transportes Terrestres, ANTT pode ser multado. Os valores vão de R$ 550 a R$ 10.500.
Promessa de renovação da frota
Em agosto, o governo federal prometeu que haveria um plano nacional de incentivo à renovação da frota. A informação é do Secretário do Desenvolvimento do Ministério da Economia, Gustavo Ene.
Inicialmente, o plano foca veículos pesados. “Estamos em um alinhamento final. Conversamos com governos estaduais e já temos sinalização positiva de seis Estados”, disse.
Além disso, a idade média da frota de caminhões aumentou. Passou de 9 anos e 7 meses para 11 anos e 7 meses. Os dados são do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças).
Ao considerar apenas os caminhões de autônomos, a idade média é de 17,9 anos. Os dados são da Agência Nacional dos Transportes Terrestres (ANTT).
A crise gerada pela pandemia pode agravar ainda mais essa situação. Ao mesmo tempo, as fabricantes de caminhões começaram a ganhar algum fôlego em julho. Contudo, o cenário ainda é negativo.
Queda no número de roubos de carga
As ocorrências de roubo de carga nas estradas federais do Brasil recuaram 27,1% em agosto de 2020. Foram 59 casos, ante os 81 registros feitos em agosto de 2019.
Na comparação do primeiro semestre (536 casos) com o mesmo período de 2019 (577), a queda foi de 7,1%. Os dados foram apurados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) a pedido do Estradão.
A queda vem ocorrendo de forma gradual há três anos. Em 2019, o número de assaltos recuou 17,1% na comparação com 2018.
Na comparação de 2018 com 2017, a redução foi de 16,8%. Produtos alimentícios, combustíveis, farmacêuticos, cigarros e bebidas foram as cargas mais visadas pelos ladrões.
Essas informações fazem parte do relatório de 2019 feito pela Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística – NTC&Logística. A expectativa é de recuo entre 17% e 19% em 2020.
A estimativa é do assessor de segurança do Sindicato das Empresas de Transporte de São Paulo (Setcesp), Coronel Paulo Roberto de Souza. Para o especialista, a queda é resultado das ações de combate a crimes. Sobretudo as feitas pelos órgãos de segurança dos Estados.
Menos demissões a partir de setembro
A partir de setembro, o número de demissões no setor de transporte ficou estável pela primeira vez após três meses seguidos. A conclusão é de um estudo da CNT feito com 914 empresas do setor.
Das 40,6% empresas que demitiram por causa da retração nos negócios, mais da metade (55,3%) disseram que não fariam novos cortes de pessoal. Das que não demitiram, 83,8% pretendiam manter essa política até o fim de 2020.
Em abril, de cada dez empresas ouvidas pela CNT, quatro informaram que precisariam demitir. Na época, o volume de carga transportada havia recuado mais de 40%.