Perspectivas indicam vendas de 100 mil caminhões
Com a chegada da vacina, Fenatran e a possível safra recorde, as perspectivas para 2021 são melhores que 2020. Mas as resoluções do Contran desafiarão a indústria
Por Estadão06/01/2020
As perspectivas indicam que em 2021 serão vendidos 100 mil caminhões novos no Brasil. Ainda assim, o transporte rodoviário de cargas foi um dos setores mais afetados pela crise causada pela covid-19. Especialmente no segundo trimestre de 2020.
Contudo, os profissionais do mercado dizem que essa projeção deve ser vista com cautela. Por um lado, há sinais claros de reaquecimento da economia. Mas a indefinição acerca dos rumos da pandemia dificulta a tarefa de desenhar perspectivas para 2021. Seja como for, na sexta-feira (8), a Anfaveavai divulgar os dados de produção em 2020. E deve anunciar as perspectivas para 2021.
Vice-presidente da associação das montadoras para o segmento de pesados, Marco Antonio Saltini diz que as perspectivas indicam que 2021 será um ano de incertezas. Para o executivo, além da pandemia, que deverá se arrastar por mais tempo até a chegada da vacina, a situação econômica ainda é uma incógnita.
Economia ainda sofre com o novo coronavírus
“Há um novo aumento do nível de contaminação pelo novo coronavírus. E isso já está levando algumas cidades a voltarem atrás na flexibilização”, diz Saltini. Segundo ele, mesmo com o início da vacinação levará tempo para que toda a população seja imunizada. E a economia poderá ser impactada com isso.
Para Saltini, o agronegócio continuará indo bem. “Mas outros setores, como o de bares e restaurantes, shoppings e comércio em geral, poderão sofrer algum retrocesso.” Para o vice-presidente da Anfavea, isso deverá impactar diretamente a indústria. Inclusive o negócio de caminhões, segundo as perspectivas.
Perspectivas indicam melhora em 2021
Saltini ainda coloca na conta a redução da oferta de recursos do governo federal. Ele lembra que em 2020 foram injetados R$ 600 bilhões no enfrentamento da pandemia.
O executivo também está preocupado com a alta taxa de desemprego no País. Assim, ele diz que a indústria de caminhões não enxerga com clareza como será 2021. “O ano ainda é incerto. Mas imagino que não será pior do que foi 2020”, afirma.
Em 2019, a economia voltou a crescer. E a média mensal de vendas de caminhões era de 8 mil unidades. Em dezembro de 2020, foram emplacadas 9,6 mil unidades. Para Santini, esse é um sinal de que 2021 será melhor.
Pontos de atenção em 2021
Da mesma forma, segmentos que estavam em alta em 2020 devem repetir o bom resultado em 2021. Ou seja, as perspectivas são de que o agronegócio e a mineração vão continuar acelerando. Mas o vice-presidente da Anfavea lembra que há desafios a enfrentar. Entre eles está o atendimento à alta na demanda, que deverá se estender ao longo do ano.
No segmento de pesados, a participação nas vendas em 2020 foi a mais expressiva dos últimos anos. Ou seja, os caminhões pesados responderam por quase 50% das vendas. E a procura aumentou ainda mais nos últimos meses de 2020. E essa categoria é um importante termômetro da economia. Além disso, indica que vários setores vão demandar caminhões em 2021.
Falta de matéria-prima preocupa
Do mesmo modo, somando as vendas dos segmentos de pesados e semipesados dá 75,6% de participação do mercado em 2020. Esse número é muito próximo dos 76,3% registados em 2019. .
No entanto, a falta de de matérias-primas para a produção de caminhões está provocando impactos no setor. Por isso, Saltini não descarta a possibilidade de algumas linhas chegarem a parar. Além disso, o preço dos insumos disparou. “Essas são variáveis que vão nortear o início de 2021. E nas quais deveremos prestar atenção.”.
Vendas de caminhões chegarão a 100 mil unidades
Seja como for, profissionais do setor acreditam que as vendas em 2021 devem ficar próximas das de 2019. Ou seja, as perspectivas apontam para em torno de 100 mil unidades. Esse número considera a projeção de crescimento de importantes segmentos da economia. É o caso do comércio eletrônico e da construção civil, que deslancharam em 2020.
No segundo caso, é preciso haver um empurrão do poder público. “O governo precisa voltar a investir em infraestrutura”, diz Saltini. Ainda assim, ele lembra que à medida que as taxas de juros caem, o consumidor volta a ficar de olho na compra da casa própria. E isso atrai investimentos.
“Mas estamos observando um ligeiro aumento da inflação. E esse é um ponto de atenção”, afirma o executivo. Mesmo assim, ele diz que as perspectivas são positivas. Para Saltini, o comércio eletrônico crescerá ainda mais. Com isso, deverá impulsionar as vendas de caminhões em 2021. Sobretudo dos segmentos de leves semi-leves e médios.