1101 - 04Agronegócio continua a trazer boas notícias para a economia brasileira

Confirmada a expectativa, 2021 registrará nova safra recorde.

Por O Globo

10/01/2020

O ano começa com a previsão de que o agronegócio deverá voltar a bater recordes no comércio exterior, ajudado pela manutenção dos preços em patamar elevado lá fora e pelo câmbio desvalorizado. O setor se consolida como o mais dinâmico da economia brasileira, com um segmento exportador moderno, de alta produtividade e grande poder de competição. A eficiência na produção explica por que a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) prevê um aumento na safra de grãos de 3,5%, numa área cultivada que crescerá apenas 1,6%. 

Ao contrário da indústria, que por falta de visão de vários governos não se conectou como deveria ao mundo, a agropecuária abriu-se ao exterior. Passou a se guiar pelos mercados globais de commodities e a absorver novas tecnologias. A Embrapa, centro de pesquisas público, teve papel-chave no constante aprimoramento de espécies às condições do clima e do solo brasileiros.

Estima-se que as exportações agrícolas poderão chegar este ano a US$ 113 bilhões, superando pela segunda vez a marca dos US$ 100 bilhões — a primeira foi em 2018, quando atingiram US$ 102 bilhões. Tais números têm feito do agronegócio peça fundamental para o país sustentar seu comércio exterior. No ano passado, o superávit comercial foi de US$ 51 bilhões, alta de 7% em relação a 2019. Apenas as exportações de soja, item mais importante da pauta, foram de quase US$ 29 bilhões, 14% do total.

É verdade que, por trás do resultado positivo, há efeitos da crise global causada pela pandemia. A recessão interna fez com que as importações caíssem mais — 10%, para US$ 159 bilhões — que as exportações —6%, para US$ 210 bilhões —, aumentando o saldo na balança. Mas isso só prova a resiliência do nosso agronegócio ante as dificuldades.

Se confirmadas as primeiras estimativas para a produção agrícola, 2021 será outro ano positivo para o setor, ajudado pela recuperação da economia da China, maior parceiro comercial do país e maior importador de produtos agrícolas brasileiros. 

Dois riscos podem atrapalhar. O primeiro é o clima. O resfriamento das águas do Pacífico, conhecido como La Niña, já provocou secas no segundo semestre de 2020, retardando o plantio da soja. O segundo é o governo Bolsonaro e seu descaso com o meio ambiente. Dele decorrem não apenas alterações climáticas negativas para o setor, mas no curto prazo, também boicotes às exportações de produtos das áreas de desmatamento. Apesar da incerteza, o quadro é alvissareiro.