Vacinação em massa é melhor estímulo para economia, diz Itaú
Para Mário Mesquita, economista-chefe do Itaú Unibanco, a vacina contra a Covid-19 é uma medida de política sanitária, mas também de política economica e pode ajudar a impulsionar a oferta e demanda do país
Por Valor Investe11/01/2020
Em tempos de pandemia, a eficácia de diversos tipos de vacinas na luta contra a covid-19 em todo o mundo pode ser uma conquista não só da saúde, mas também das economias. Para Mário Mesquita, economista-chefe do Itaú Unibanco, a vacina contra o novo coronavírus é uma medida de política sanitária, e também de política econômica.
"Uma campanha de vacinação em massa talvez seja o melhor instrumento para intensificar a atividade econômica pelo lado da oferta e pelo lado da demanda também", afirma Mário Mesquita, economista-chefe do Itaú Unibanco, em um episódio do podcast Itaú Views sobre investimentos ESG que vai ao ar nesta segunda-feira (11).
Mesquita explica que, com a população vacinada, os brasileiros sentiriam mais segurança para se deslocar para o trabalho e exercer suas funções. Do lado da demanda, as pessoas também ficariam mais confortáveis em sair para consumir produtos e serviços.
"A prioridade número 1, se eu fosse membro da equipe econômica, seria sugerir realmente ênfase na questão da vacina e aceleração tanto quanto possível desse processo", afirma o economista.
A agenda de reformas, claro, também faz parte do cenário necessário traçado por Mesquita para que o Brasil recupere sua economia e sua saúde fiscal.
"Se eu tivesse que escolher apenas uma reforma esse ano, eu focaria na PEC Emergencial para garantir a robustez do nosso regime fiscal. Se eu tivesse duas, adicionaria a reforma tributária para assegurar um crescimento mais forte no futuro. Essas deveriam ser as prioridades", afirma Mesquita.
A PEC Emergencial é uma proposta de emenda à Constituição, que faz parte de um pacote de mudanças sugerido pelo ministro da Economia Paulo Guedes, e busca reduzir gastos do setor público, como salários de funcionários.
As reformas, contudo, só poderão vir após as eleições para as presidências da Câmara e do Senado. As alianças estão sendo costuradas e os candidatos estão em ampla campanha, mas a decisão mesmo só em fevereiro.
Segundo o economista, o mercado financeiro deve acompanhar com atenção esse pleito e como os novos presidentes das duas casas farão sua articulação com o governo federal e, especialmente, com a equipe econômica comandada por Paulo Guedes.
"É verdade que os candidatos têm manifestado apoio ao regime fiscal. No entanto, vivemos ainda em um momento de pandemia e a pressão por aumento de gastos continua. Ela é latente e pode se intensificar caso não tenhamos sucesso na questão do processo de vacinação", afirma Mesquita.
Vale lembrar que o deputado Baleia Rossi (MDB-SP) defendeu, no discurso de lançamento de sua candidatura a presidente da Câmara em 6 de janeiro, a expansão do Bolsa Família ou a retomada do auxílio emergencial.
Na sexta-feira (8), Rossi defendeu hoje que o Congresso realize sessões extraordinárias em janeiro para aprovar medidas urgentes relacionadas ao enfrentamento da pandemia.
Segundo Mesquita, além da vacina contra a covid-19, é preciso evitar erros do passado que levaram a "excessos fiscais" e que podem cobrar "um custo inevitável no futuro" para que o Brasil volte a crescer.