Economia cresceu no fim de 2020, mas 2021 tem sido pior do que o esperado
Para diretor de pesquisa econômica da Pezco, "a impressão é de que a atividade econômica segue positiva, enquanto indústria e comércio devem apresentar perda de fôlego"
Por Valor Investe
18/01/2020O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) de novembro e indicadores antecedentes para a dinâmica de dezembro sugerem que a economia brasileira cresceu no último trimestre de 2020, ainda que desacelerando em relação ao terceiro trimestre, mas o início de 2021 "está sendo menos positivo do que a gente imaginava", avalia Helcio Takeda, diretor de pesquisa econômica da Pezco.
Mais cedo, a autoridade monetária informou que o IBC-Br teve alta de 0,59% em novembro, na comparação dessazonalizada com outubro, quando subiu 0,75%. O resultado de novembro veio acima da mediana das estimativas colhidas pelo Valor Data, que apontava avanço de 0,53%.
"A impressão é que a atividade econômica segue positiva, com avanço na margem para os serviços, enquanto indústria e comércio devem apresentar perda de fôlego. Nada que comprometa o crescimento do quarto trimestre, mas, na ponta, já começa a mostrar isso", diz Takeda.
Segundo ele, o comércio deve ter sentido a inflação mais elevada, inibindo o consumo, enquanto a indústria tem uma base de comparação elevada dos meses anteriores e também o efeito-calendário de fim de ano.
"A indústria avançou bastante no segundo semestre. Pelos efeito base e calendário, indicaria uma redução na produção", afirma o economista. "Um dos indicadores que a gente olha é o fluxo de veículos pesados, que mostrou queda de 0,6% na margem em dezembro", exemplifica Takeda. Outro ponto de dificuldade, segundo o economista, podem ser os problemas que alguns setores manufatureiros têm enfrentado para acessar insumos.
Diante disso, a projeção da Pezco é de um crescimento de 3,3% no Produto Interno Bruto (PIB) do quarto trimestre de 2020, ante os três meses anteriores. Para o ano, a expectativa é que a economia se contraia 4,2%.